sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ética no esporte 3. ÉTICA ESPORTIVA 3.1. DEFINIÇÃO "Segundo Ferreira (1986), ética significa o "estudo dos juízos deapreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do pontode vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, sejade modo absoluto." Dentro desta conceituação, quando Ferreira se refere adeterminada sociedade, podemos direcioná-la para o caso específico doesporte, possibilitando-nos uma abordagem sob o aspecto ético.Os sociólogos colocam a ética como um atributo indispensável àprática das atividades esportivas de forma limpa, honesta e bonita, chegandomesmo ao extremo de considerar que o esporte praticado sem os postuladosda ética mais se parece com as manifestações "esportivas" da Roma antiga. Naturalmente que não chegamos atanto, porém, dentro de uma ordem normal, a falta de ética na pratica esportiva representa um passo em direção aodelito, ou seja, a ocorrência da transgressão. Esta, à luz da sociologia traduz-se num misto de desvio, desobediênciacivil e crime, mas no meio esportivo primeiramente se constitui numa desobediência às regras, um desvio, paraposteriormente ser enquadrada como desobediência civil e até crime, dependendo da sua gravidade. (...) Tubino(1992) (...) [definindo a ética no esporte]: "Ciência da conduta moral das pessoas nas práticas desportivas".Referenciado neste princípio ético do associacionismo surgiram os clubes e as federações nacionais einternacionais, que viriam a consolidar a institucionalização esportiva (...). O humanista Pierre de Coubertin viria aenriquecer a ética esportiva.(...) A gentileza do atleta numa competição de esporte coletivo, como o futebol, o basquetebol, o handebol, aoestender a mão para auxiliar um adversário a se levantar (...), o cumprimento do vencedor ao vencido e vice-versa(...) situam-se como exemplos significativos da ética esportiva. Entretanto, a correção, a lealdade e a elegância doatleta (...) representam ações em que a ética está permanentemente presente no campo esportivo."(Adaptado de Análise de condutas éticas e anti-éticas na prática desportiva. José Maurício Capinussu, Revista daEducação Física número 128, 2004 - UFRJ). 3.2. CÓDIGO MUNDIAL ANTIDOPING: ÉTICA E FAIR PLAY NO ESPORTE OLÍMPICO3.2.1. Introdução A nova ordem internacional no combate e prevenção ao doping, com o advento do Código1 (World Anti-Doping Agency, 2003), é reflexo do recente salto evolutivo dado pelo homem no domínio de novas tecnologias e dacrescente tomada de consciência ética para o respeito aos Princípios Fundamentais da Carta Olímpica, ou seja, umposicionamento sobre a relação do doping com valores tais como o esforço próprio, o valor educativo do bomexemplo, o respeito aos princípios éticos fundamentais e o fair play.Este ensaio tem por objetivo abordar a ética e o fair play à luz do Código, da Agência Mundial Antidoping(AMA/WADA) do Comitê Olímpico Internacional (COI), e sua relação com a eqüidade e os princípios fundamentais daCarta Olímpica a partir da premissa de que é a "atitude ética, antes de tudo, um dever-ser no mundus sportivus, semnecessitar exacerbar distinções, diferenciações ou discriminações" (Puga, 2002). Sendo o doping fundamentalmentecontrário ao espírito esportivo, pois não leva em conta os interesses de todos os que forem por ele afetados, suaocorrência gera desigualdade. Destarte, o Código visa a proteção do direito fundamental dos atletas de participar deatividades esportivas isentas de doping e garantir a eqüidade e a igualdade de oportunidades no esporte e apreservação da saúde dos atletas.Com o escopo de consolidar o direito ao esporte sem doping e considerando-se que a razão de ser doesporte somente é respeitada quando todos os atores do esporte são responsavelmente solidários pelo fair play, oque pressupõe a consciência desta realidade, conclui-se que a formação de todos os atores do esporte devefundamentalmente compreender e projetar todos os aspectos educacionais que encontrem fulcro na tecnologia da'ética esportiva'.A iniciativa do ensaio se justifica porquanto a complexidade do tema aliada às novidades introduzidas peloCódigo podem efetivamente representar aos atores do mundo esportivo o risco de violaçãode regra antidoping por falta de informação. Por outro lado, visa-se através desta propostabuscar a redução da incidência de atitudes que retirem do Esporte sua credibilidade, comtodas as repercussões de ordem moral e econômica decorrentes. 3.2.2. Ética, Fair play e Educação Em que pese a necessidade da referência a conceitos relacionados à ética e à éticaesportiva, não constitui objetivo deste ensaio o aprofundamento da discussão sobre esta queé uma das mais vastas áreas do conhecimento. Destarte, abordar-se-á o tema com asdefinições a seguir descritas.De todas as abordagens da Ética, para Singer (1993, p. 19) o que elas têm emcomum é mais importante que suas divergências. Assim, "a ética se fundamenta num pontode vista universal, o que não significa que um juízo ético particular deva ser universalmenteaplicável", mas que, ao emitir-se juízos éticos, deve-se extrapolar eventuais preferências ouaversões para que se possa chegar ao juízo universalizável, "ao ponto de vista doespectador imparcial". E isto pressupõe a consideração eqüitativa de todos os interesses

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